sexta-feira, 25 de setembro de 2009

PORTO SENTIDO

Alguém disse um dia “a mentira é um sonho apanhado em flagrante delito”. Eu quero crer que é isso mesmo que se passa com muitas promessas eleitorais.

Li, recentemente, declarações do líder da bancada parlamentar socialista e cabeça de lista pelo PS à Assembleia da República pelo círculo do Porto, Dr. Alberto Martins, no sentido de que “O Porto está sem rasgo e adormecido, precisa de um grito do Ipiranga”.

É verdade, mas uma verdade banal e velha de que se tem apenas eco, dos da capital, em tempos eleitorais. E, depois, volta tudo ao grau zero da vontade política. São declarações “engana tolos” para seduzir eleitorado que não têm, por detrás, uma convicção séria e um espírito da mudança real.

Conversa de barbearia, afinal.

Não podemos, no Norte, queixar-nos, porém, de falta de promessas eleitorais. Elas aí estão para todos e para todos os gostos, sensatas ou insensatas, viáveis ou não e, até, em certo caso, caricato, validadas notarialmente.

Alguém disse um dia “a mentira é um sonho apanhado em flagrante delito”. Eu quero crer que é isso mesmo que se passa com muitas promessas eleitorais. São sonhos que, se estivermos atentos, facilmente apanharemos em flagrante delito.

Adiro, porém, sem hesitação, ao diagnóstico acima referido sobre o Porto e a sua região. Mas gostaria de saber, também, o que é que o declarante e seus pares, durante a legislatura que ora se fina, fizeram em defesa do Norte. De nada me lembro, nem sequer do nome de mais do que um ou dois deputados eleitos pelos vários distritos deste rincão. E, desses, não me vem à memória qualquer rasgo ou iniciativa de relevo em prol da região…

O Porto não é, hoje, uma cidade competitiva.

Não atrai investimentos.

Não cria empregos.

Não gera negócios.

Não assume projectos.

Não cria esperança.

Não tem alma.

Que fazer? Com quem fazer? Em quem acreditar, pois?

Confesso que já não sei se a famigerada regionalização virá algum dia a tempo de resolver quaisquer problemas pois, de tão fragilizado já o corpo social, o remédio de nada lhe valerá, então.

Mas acredito que neste espaço nortenho ainda existe uma réstia de competência (saber-fazer) para dar a volta, por cima, à caótica situação actual. Ponto é que a solidariedade nacional que a própria Constituição da República declara solenemente não seja, como tem sido, uma pia intenção e que, arrecadados os votos de que precisam para ser eleitos, os deputados da nação, eleitos nesta euro-região, não a votem, logo, ao ostracismo.

Todos os diagnósticos feitos são excelentes, mas daquilo que precisamos é de uma estratégia regional – e global – que, na crise actual, aproveite as oportunidades que ainda teremos.

Esperemos, pois, a concretização das promessas eleitorais, porque destas já estamos fartos.

Haja honra nos eleitos e espírito de missão ao serviço da comunidade e que a solidariedade nacional não se fique pelo tempo e pelo espaço do Terreiro do Paço.

Como no mito de Sísifo, empurrar a pedra até ao cimo da montanha é uma questão de vontade. Depois só a fé nos pode valer. Visto, porém, o passado vai ser preciso ter muita fé, e durante muito tempo, para vermos esta região no estádio a que tem direito.

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