Pior governo do mundo vai dissolver o melhor povo do mundo e escolher
outro.
O “melhor povo
do mundo” não parece ter grandes opções de vida. Entre emigrar, na opinião de
Passos Coelho – grande educador para a austeridade -, e subjugar-se aos
comandos da “troika”, que venha o diabo e escolha. O Governo não está, também,
em situação de escolher livremente o seu futuro. Tem de ser fraco com os fortes
– a troika é quem põe e dispõe – e, depois, vingar-se no mexilhão, que oprime
sem limite algum, assim sendo forte com os fracos. Um jogo de soma nula.
Paradoxalmente
os fracos são, justamente, o melhor povo do mundo!
E não somos?
Claro que sim. Veja-se só como aceitamos a punição da austeridade para pagar os
erros dos outros – e a sua ganância – dando-lhes as nossas tripas, ou seja, o
pouco que ganhamos a trabalhar como mouros (impostos e taxas), mais o ouro que
ficou de alguma herança ou memória (vendido por truta e meia nas casas de
vendilhões que por aí proliferam e que os reencaminham para os donos do mundo)
e, ainda, as próprias entranhas ou tripas do nosso território para explorarem
(investimento estrangeiro, diz-se!) minas de volfrâmio e metais preciosos.
Amanhã, porventura, petróleo. E parece que nem o ouro de Salazar, guardado no
Banco de Portugal, vai escapar.
Que ninguém se
iluda. O ditado “vão-se os anéis, fiquem-se os dedos” não se vai concretizar
para o melhor povo do mundo. Vamos ser convocados – já o estamos a ser – para
dar também a nossa própria vida abdicando do direito à saúde, à educação, à
habitação e, até, do simples direito a comer alguma coisa para enganar o
estômago.
Adivinho já
alguns dos mais generosos desse grande povo, o melhor do mundo a correr,
heroicamente, atrás de uma galinha alemã, da capoeira da Sr.ª Ângela Merkel,
para partilhar um pedaço de pão a cair do bico de um galináceo germânico em
fuga (perdoe a minha falta de imaginação, Dr. Fernando Nobre). À vista do
Armagedão, o melhor povo do mundo cumprirá então, a suprema vontade deste
inefável governo e dos seus mandantes. No mais escrupuloso respeito pela
democracia irá a eleições. Eleições? Sim, porque o pior governo do mundo vai
dissolver o melhor povo do mundo e escolher outro. E serão todos felizes até
que a morte os separe.
Há, ainda, por
aí alguns otimistas inveterados que, por desconhecidas razões, continuam a
explicar o que é inexplicável – que Portugal é um país independente, que
vivemos em democracia e que existe um governo legitimo. Matraqueiam uns slogans partidários pelo meio e
aconchegam-se aos partidos que os sustentam direta ou indiretamente. Desde que
não lhes peçam para pensar, vai tudo bem…
Portugal – o
país da minha geração – já não existe. Provavelmente nunca mais existirá. “Jás
morto, e apodrece”.
Tem razão o
ministro Vitor Gaspar: os portugueses têm de saber e de decidir quanto querem
pagar pelo Estado Social que reclamam e a Constituição de 1976 lhes prometeu. A
resposta mais provável é que não querem pagar, ou não possam pagar.
No fim, que se
anuncia, voltamos, então, ao princípio. Só se pode distribuir aquilo que se
produz antes. As contas de calcular, a tabuada e os modelos económicos não
prestam para nada se nada se quer construir.
Estamos
conversados, Dr. Vitor Gaspar. O senhor sabe tudo de nada e entrou num filme
que não era o seu. Volte depressa para Bruxelas (perdoamos-lhe a dívida da sua
educação e ainda lhe oferecemos bilhete, mas só de ida) e leve consigo a corja
que anda à sua volta. E que venham verdadeiros patriotas, estadistas, homens a
sério, com dignidade e valores para restaurar a democracia política, económica
e social que vocês destruíram.
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