Há que sair do espaço de inércia, de conforto,
de “serventuários” ou
beneficiários do Estado, e ir à luta
Enquanto se
desenhava a polémica à volta do concurso da “Eurovisão” 2014 e medravam perspetivas
profundamente diversas e contraditórias a nível de costumes, de ética e, mesmo,
de civilização, após a vitória do travesti Conchita Wurst/Tom Neuwirth,
aconteciam mais coisas, muitas delas novas, à nossa volta. Felizmente!
Aqui deixo nota
de um fenómeno relevante e ao qual só por ignorância ou desleixo os
portugueses, designadamente os empresários, mas também os poderes públicos
poderão ficar alheios. Refiro-me ao turismo (e muito mais…) que se desenvolve à
volta dos “seniores”, dos reformados pelo sistema de segurança social francês. Repesco,
do “Le Monde-Week-end”, de 3 de Maio,
o artigo, “De plus en plus de seniors
‘hirondelles’ profitent de leur
retraite hors de France” algumas informações livremente traduzidas:
“Nos últimos
cinco anos, se acreditarmos nos números da Caisse
des Français à l’étranger, a segurança social dos expatriados, o número de
reformados que partem para viver no estrangeiro aumentou 20%.” (…)
“Muitos são
trabalhadores de origem estrangeira que voltam para o seu país de origem na
idade da reforma. Seguem-se os franceses que fizeram carreira no estrangeiro e
que por lá permanecem. Uma última categoria, avaliada entre 200 000 e 400 000
pessoas, é constituída por esses reformados, em busca de sol e de vida menos
cara, que passam alguns meses ou vivem fora de França.” (…)
“Surfando sobre
o desejo de evasão dos seniores, clubes de reformados, aldeias para seniores
ativos, resorts, crescem como
cogumelos, nomeadamente em Marrocos. Há um ano atrás, Portugal começou a
seduzir essa população com um nível de reforma superior à dos locais. O governo
espera atrair 20 000 reformados europeus até 2016 e destaca as suas praias, os
seus 250 dias de sol, a sua cozinha, mas, também, desde 2013, a exoneração de
impostos sobre as reformas auferidas no país de origem, e isto, durante dez
anos.”
O que acima vai
dito é uma expressão da perspetiva de empresários e estudiosos franceses (Serge
Guérin, Marie de Hennezel e outros…) que deveria ser profundamente meditado por
nós, portugueses.
Eles dizem o que
a nós competiria pensar. E agir consequentemente.
Muitos procuram
alternativas à crise que avassala a Europa e à austeridade “mata-cavalos” que
nos sacrifica. Se uns constroem altas paredes contra os ventos adversos, outros
edificam moinhos de ventos. É assim, sempre assim será.
De que estamos à
espera, portugueses?
Há que sair do
espaço de inércia, de conforto, da condição de “serventuários” ou beneficiários
do Estado (AICEP) e também, de Associações empresariais, e ir à luta.
Desde Júlio
César, imperador romano, se diz, repetindo-o, que nem nos governamos nem nos
deixamos governar.
Cortar o nó górdio
é preciso.
E é o momento.
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