quarta-feira, 14 de maio de 2014

… E SE PEGÁSSEMOS NO VENTO E FÓSSEMOS BUSCAR O AMANHÃ?



Há que sair do espaço de inércia, de conforto,
 de “serventuários” ou beneficiários do Estado, e ir à luta


Enquanto se desenhava a polémica à volta do concurso da “Eurovisão” 2014 e medravam perspetivas profundamente diversas e contraditórias a nível de costumes, de ética e, mesmo, de civilização, após a vitória do travesti Conchita Wurst/Tom Neuwirth, aconteciam mais coisas, muitas delas novas, à nossa volta. Felizmente!

Aqui deixo nota de um fenómeno relevante e ao qual só por ignorância ou desleixo os portugueses, designadamente os empresários, mas também os poderes públicos poderão ficar alheios. Refiro-me ao turismo (e muito mais…) que se desenvolve à volta dos “seniores”, dos reformados pelo sistema de segurança social francês. Repesco, do “Le Monde-Week-end”, de 3 de Maio, o artigo, “De plus en plus de seniors ‘hirondellesprofitent de leur retraite hors de France” algumas informações livremente traduzidas:

“Nos últimos cinco anos, se acreditarmos nos números da Caisse des Français à l’étranger, a segurança social dos expatriados, o número de reformados que partem para viver no estrangeiro aumentou 20%.” (…)

“Muitos são trabalhadores de origem estrangeira que voltam para o seu país de origem na idade da reforma. Seguem-se os franceses que fizeram carreira no estrangeiro e que por lá permanecem. Uma última categoria, avaliada entre 200 000 e 400 000 pessoas, é constituída por esses reformados, em busca de sol e de vida menos cara, que passam alguns meses ou vivem fora de França.” (…)

“Surfando sobre o desejo de evasão dos seniores, clubes de reformados, aldeias para seniores ativos, resorts, crescem como cogumelos, nomeadamente em Marrocos. Há um ano atrás, Portugal começou a seduzir essa população com um nível de reforma superior à dos locais. O governo espera atrair 20 000 reformados europeus até 2016 e destaca as suas praias, os seus 250 dias de sol, a sua cozinha, mas, também, desde 2013, a exoneração de impostos sobre as reformas auferidas no país de origem, e isto, durante dez anos.”

 O que acima vai dito é uma expressão da perspetiva de empresários e estudiosos franceses (Serge Guérin, Marie de Hennezel e outros…) que deveria ser profundamente meditado por nós, portugueses.

Eles dizem o que a nós competiria pensar. E agir consequentemente.

Muitos procuram alternativas à crise que avassala a Europa e à austeridade “mata-cavalos” que nos sacrifica. Se uns constroem altas paredes contra os ventos adversos, outros edificam moinhos de ventos. É assim, sempre assim será.

De que estamos à espera, portugueses?

Há que sair do espaço de inércia, de conforto, da condição de “serventuários” ou beneficiários do Estado (AICEP) e também, de Associações empresariais, e ir à luta. 

Desde Júlio César, imperador romano, se diz, repetindo-o, que nem nos governamos nem nos deixamos governar.

Cortar o nó górdio é preciso.

E é o momento.

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