quinta-feira, 18 de abril de 2013

PORQUE NÃO SE ENTENDEM?


Só há um caminho eficiente e eficaz a seguir perante os cadáveres adiados que são os partidos políticos. Chama-se rutura institucional.

A propósito da reunião havida esta semana entre o Governo de Passos Coelho e o PS de António José Seguro – um encontro para “Troika” ver, mas falsa como Judas – veio-me ao limiar da memória a celebre frase do rei Juan Carlos, de Espanha, ao, então, presidente da Venezuela, Hugo Chaves: “Por quê no te callas?”.

Claro que a pergunta, no transe, deveria ser a contrária: porque é que Passos e Seguro não falam sobre o que vai por este martirizado país fora? Porque é que não se entendem sob um denominador comum mínimo que poderia ser, singelamente, o tema, da democracia em Portugal cuja sobrevivência, após passar o estado atual de suspensão, está em causa? (Não me refiro aos procedimentos de uma democracia formal, é claro…).

Cada um dos leitores terá a sua opinião e, decerto, a verdade, também aqui, será algo próximo da soma da verdade de cada um. Mais relevante, porém, do que saber a razão da dissensão é a convicção (ou crença?) de que com estes “jotas”, formatados nos conúbios partidários e que nunca fizeram mais nada de útil e digno na vida do que passarem-se rasteiras uns aos outros, não haverá jamais qualquer entendimento político-partidário. Nunca foram ensinados a partilhar e, na sua formação, apenas receberam instrumentos para se guerrearem. Eles levarão naturalmente, um dia, os respetivos partidos políticos ao seu fim por implosão. Está escrito nas estrelas, diria o outro eternamente jovem jota. Talvez nesse fim esteja, porém, um novo começo…

Num mundo em profunda mudança e ainda sem desígnio algum quanto ao futuro, varrido por ventos ciclónicos que sopram de diversos quadrantes e o tornam num verdadeiro inferno para muitos homens e mulheres; num tempo de desconstrução das grandes categorias do pensamento, de generalização do precário de glorificação, do efémero e do transitório – tempo “líquido” e de crise de valores, precisamos de heróis e de santos. De estadistas. De homens e mulheres avisados e competentes, com experiência das agruras da vida e não, apenas, do saber gasoso dos gabinetes, cá de dentro ou lá de fora.

Há, porém, uma outra crise de que pouco se fala e que é a crise da inteligência. Como se não bastasse o amadorismo dos que governam, a sociedade portuguesa também não vive um tempo glorioso naquele aspeto. E, talvez, por isso, se comanda e pune conforme está escrito nos livros (dos outros) e não segundo o interesse dos portugueses. E se faz oposição “a la carte”, também.

Não subsistem muitas dúvidas de que, para além de dependermos (por vontade dos políticos nunca plebiscitada) da U.E. e dos seus anões políticos, é de nós próprios que, acima de tudo, dependeremos no futuro. Na política não há amizades, nem países amigos: há interesses. Deixo, a propósito, uma pergunta muito, mesmo muito ingénua: alguém sabe se a Alemanha pagou a totalidade das dívidas da II Grande Guerra aos países que destruiu e quis subjugar? E como e quando é que pagou o pouco que pagou? É um tema incómodo – como o da compra dos submarinos – mas que um dia verá ser feita justiça. Os gregos já lançaram a âncora ao mar.

Retomando o fio à meada direi que só há um caminho eficiente e eficaz a seguir perante os cadáveres adiados que são os partidos políticos (sabe o leitor que, quando vota, ajuda a encher-lhes os cofres com o o seu próprio dinheiro?!) que detêm o poder e as rédeas da (pseuda) oposição. Chama-se rutura institucional. No entretanto seria de mais pedir um esforço suplementar ao PS, ao PCP e ao BE para que construíssem, em diálogo, uma alternativa conjunta ao descalabro vigente?

Se tal viesse a acontecer, os poderes financeiros que, nas trevas, dominam o mundo, revoltar-se-iam, decerto. E far-nos-iam pagar caro o atrevimento. Mas, afinal, não perdemos já tudo, até a dignidade?

A arrogância de um certo PS não será perdoada nem a intolerância de certa esquerda.

Não perceberem que o mundo mudou é um crime.

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