Somos detentores de saber, instituições e infraestuturas que poucos
países mais possuem, mas temos vindo a levar ao descalabro essas situações
exemplares e os possíveis que eles contém.
Em tempos de crise, de forte tempestade, uns erguem altos muros, mas
outros constroem moinhos de vento.
Não vale mais a pena perder tempo com as garotices dos “jotas” que, sem
preparação política nem a mínima qualificação, sequestraram o poder neste país
e não o querem largar. Continuarão no governo e à mesa do orçamento mas num
país que já não é soberano, nem seu. No fundo, tomando a metáfora de Pedro Adão
e Silva, movendo-se como o galispo a quem, cortada a cabeça para ir para o
tacho, ainda assim corre desalmadamente, sem tino, até ao destino final,
inexorável, por mais altos que sejam os muros que tenham construído.
Há alguns portugueses, cá dentro e lá fora, que, ao contrário, lutam por
um futuro digno, decente, próspero e racional. Há que olhar mais do que nunca,
agora, para os seus exemplos e para aquilo em que acreditam. Para os moinhos em
que os ventos da crise poderão, afinal, produzir um outro mundo, melhor.
Nesta e nas próximas crónicas, vou referir-me a duas áreas em que não
poderemos ignorar as oportunidades de vencer. Uma, a que hoje abordarei, é o
Turismo – particularmente o turismo de saúde e de bem estar. A seguir abordarei
a Educação. Num e noutro âmbito somos detentores de saber, instituições e
infraestuturas que poucos países mais possuem. Acontece, porém, que com exacerbado
populismo e falta de “mundo” nas nossas cabeças, temos vindo a levar ao
descalabro essas situações exemplares e os possíveis que eles contêm.
Temos um Serviço Nacional de Saúde que já foi considerado um dos melhores
do mundo, bem como hospitais privados de grande qualidade, o que, infelizmente,
não tem paralelo na generalidade dos países, nomeadamente nos de língua
portuguesa, mas não só. E esta situação não se reverterá senão daqui a muitos
anos. Além disso, num tempo posmoderno, assiste-se, sobretudo no Ocidente, ao
renascimento do turismo de saúde e de bem estar.
Porque não partilhamos o nosso ser, o nosso ter, o nosso saber com os que
possam estar interessados?
Precisamos de espírito de conquista e de planos de batalha, - de uma
estratégia – que, em vez de incentivar os melhores médicos, enfermeiros,
administradores hospitalares e outros profissionais de saúde a partir para
outras paragens à mingua de condições dignas de vida neste país, aqui encontrem
a sua realização pessoal contribuindo também para o bem estar de todos e o
desenvolvimento de Portugal.
A saúde e o corpo são bens que o futuro humano cada vez mais consagrará.
Se temos um terreno fértil, porque razão não o cultivamos dando curso a uma
verdadeira revolução paradigmática na saúde?
Conheço várias tentativas e, até, casos reais em que tal ambição está
presente, mas estou consciente, sobretudo, do espírito fechado, mesquinho de
uma sociedade empresarial velha, enquistada em padrões tradicionais e,
sobretudo individualista. A revolução urgente, não se compadece com estes novos
“velhos do Restelo”.
Há, por um lado, que partilhar conhecimentos, instrumentos e objectivos.
Impõe-se, por outro, que o poder político não estorve e, pelo contrário,
lidere politicamente – mas não se meta no negócio! – a divulgação de Portugal
como destino para o turismo de saúde e bem estar.
Se assim for, não tenho dúvidas que o futuro já vai começar.
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