O financiamento do
sistema de educação em Portugal atravessa dificuldades dramáticas, mas é
inegável nele se integram profissionais da excecional qualidade intelectual e
não faltam instituições de ensino competitivas ao nível do que de melhor há no
mundo.
Aproveitei o
solstício de verão para olhar de outro sítio para a crise que nos atormenta –
de um ponto de vista menos pessimista e interpelando, sobretudo, as
oportunidades de construirmos um novo Portugal. Na última crónica referi-me,
por isso, ao Turismo de Saúde e Bem Estar. Agora deixo umas breves linhas sobre
educação.
Assomou-me à
memória, nessa reflexão, recorrentemente, Agostinho da Silva e a sua fé numa
missão especial de Portugal no mundo: a de construir um Quinto Império cultural
(já oiço vozes a clamar: loucura! - mas deixem-me ir até ao fim). Recordo, em
particular, uma frase “A Europa
esgotou-se no Poder e temos, agora, de partir para outra fórmula que é cada
homem ser aquilo que é” (in
Agostinho da Silva, Dispersos, p. 128). Loucuras vulgares, decerto…
Face a todos os
problemas que surgem ao evocar esse termo, polisémico e de largo espectro, é na
perspectiva de sistema que vão ancorar estas breves linhas. E com os olhos,
tanto quanto possível, virados para o amanhã. Convoco, para tanto, alguns
conceitos e ideiais da chamada “economia de educação”, designadamente os
aspectos “micro económicos” do sistema educativo.
O financiamento
do sistema de educação em Portugal atravessa dificuldades dramáticas, mas é
inegável nele se integram profissionais da excecional qualidade intelectual e
não faltam instituições de ensino competitivas ao nível do que de melhor há no
mundo.
Porquê, então, a
presente crise?
Creio que se tem,
olhado excessivamente para o dia-a-dia ou, então, para as grandes filosofias,
deixando, porém, de lado coisas simples em busca de respostas complexas que
nada têm resolvido.
Anda na boca de
muitos a ideia de exportação do Ensino Superior – atrair alunos estrangeiros para
as instituições de ensino supeior portuguesas. O objetivo é meritório e, mais
do que isso, estratégico também para a economia nacional. Outros países já
descobriram essa mina há muito tempo. Acontece, porém, que, deixando nós tudo
ao “desenrascanso” e ao voluntarismo de alguns, o mundo ignora Portugal também
como destino para estudar. E, os poucos que não ignoram chegam cá e têm aulas
em “globish” – o inglês da praia e
das discotecas.
Ora para isso
iam para os EUA ou para o Reino Unido!
Defendo, pois,
que se valorize a língua portuguesa nesse ensino, deixando de lado o
provincianismo tradicional. Aulas em português, por professores portugueses e,
eventualmente, em outras línguas (repito, outras) por professores eméritos de
outras nacionalidades, se for oportuno.
Não ignorem, o
potencial económico de língua portuguesa – atual e futuro. Pensem e
informem-se, senhores do poder. Leiam, por exemplo, esse livrinho fundamental
de Luís Reto (“Potencial Económico da Língua Portuguesa”, Texto, 2012), além
dos já escritos de Agostinho da Silva!
E para concluir,
que o espaço é curto, haverá alguém disponível para apoiar a
institucionalização de um projeto de mobilidade de estudantes de todos os
países de língua portuguesa, algo tipo “ERASMUS”?
A Fundação
Afro-Lusitana (que a irresponsabilidade que nos governa quer extinguir sem
contraditório) vai tentar fazê-lo. E, também, organizar uma Universidade de
Verão para esses estudantes.
Voltarei a estes
temas um dia.
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