quarta-feira, 3 de julho de 2013

ADIANTE, QUE SE FAZ TARDE

Querem ir sem nós? Pois bem, nós seguiremos sem eles.
 Enquanto os donos dos partidos políticos se digladiam, uma vez mais, decrépitos, para saber quem lava mais branco, a nossa vida contínua neste vale de lágrimas a que nos levou, diz-se, a crise de 2008. Há, porém, que parar e pensar: não seremos, muitos de nós, cúmplices da crise? A vitimização não será um “desporto” nacional? Poderemos, como nação, viver algum dia sem andar com a mão estendida, mendicante, na pedincha de ajuda ou, desonesta, a gozar à custa do trabalho dos outros (colónias, União Europeia…)?

Um indício de resposta foi-me trazida nestes dias mais fortemente enquanto esteve no Porto, a convite do Forum Portucalense, o Sr. ILAN GEVA, um dos maiores peritos mundiais em marketing, convidado a falar sobre dois temas: “Portugal destino de excelência – TURISMO DE SAÚDE E BEM ESTAR – QUE FAZER?” e “Porto! Uma marca para o mundo!”. Quem assistiu, considerou excelente o conteúdo das informações que nos foram trazidas por esse guru norte americano e vários presentes nas conferências, de algum saber de experiência feito, concluíram que neste país se vai por um caminho errado e urge mudar de estratégia se algum dia quisermos tirar a cabeça debaixo de água. Outros não perceberam nada. Muitos, responsáveis no aparelho da administração pública ou autarcas, que todos pagamos, primaram pela ausência. Também os autodesignados “notáveis”(!?) do Porto fizeram sentir com a sua ausência a soberba do seu egoísmo, da sua ignorância e do seu desprezo por tudo o que não vai no sentido dos seus interesses individuais. A comunicação social, tirando a honrosa presença da RTP1 e do jornal “Vida Económica” – cada vez mais claramente um exército de mercenários estúpidos – fez ouvidos de mercador aos eventos.

Feliz o país que tais filhos… tem!

Adiante, porém que se faz tarde.

Na espuma dos dias recentes e no contexto da visita assinalada, outras situações vieram fundamentar a razão de ser das perguntas com que iniciei esta crónica. Escolho sublinhar as seguintes:

1. No hotel, na baixa do Porto, onde ficou instalado o convidado do Forum Portucalense, só é possível atender uma chamada telefónica de cada vez. A esposa do Sr. Ilan Geva passou horas a tentar falar para esse hotel sem sucesso!

2. À partida para um cruzeiro no Douro – e apesar da empresa organizadora ter sido informada a respeito do viajante que iria acolher, - apareceu, apenas, tarde e a más horas, uma loira oxigenada, mas sobretudo malformada, a “despachar” para o comboio os turistas. Nem uma palavra de boas vindas, (nem qualquer outra) mas, antes, o desprezo por um trabalho que deveria ser exercido com particular cuidado.

3. Na programada (e acordada) visita a um espaço público marcante das artes, nem um passarinho cuidou minimamente de acolher o visitante. A pesporrência e negligência de quem o governa (?) fez-nos corar de vergonha.

E fico por aqui. Não sem sublinhar que houve também momentos a atitudes cativantes e do verdadeiro interesse de Portugal: do Sr. Doutor Manuel Teixeira (Secretário de Estado da Saúde); do Sr. Prof. Agostinho Cruz (Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto); do Sr. Prof. Salvato Trigo (Universidade Fernando Pessoa); do Sr. Dr. Laranjeira Pontes (Instituto Português de Oncologia do Porto); do Sr. Prof. António Ferreira (Hospital de S. João); do Sr. Dr. Paulo Sarmento e Cunha (Casa da Música); do Sr. Dr. Manuel Cabral (Instituto dos Vinhos do Douro e Porto).

Aos que vivem dos “tachos” com que o poder político paga favores e nada fazem; aos que vivem dos subsídios do Estado para não fazer nada e aos que já desistiram de lutar apenas peço que não vivam mais à custa dos que sacrificadamente ainda trabalham e lutam. Deixem a sociedade civil organizar-se e agir em liberdade num voluntário e gratuito prazer de construir um país novo.

Querem ir sem nós? Pois bem, nós seguiremos sem eles.

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