Eu
trabalho catorze, quinze horas por dia – eu e tantos outros cidadãos como eu –
para esta corja andar impune, à solta, a gastar o que não é deles? Que parvo
que eu sou! Que somos!
Só quem sabe
poderá agir com eficácia.
Pelo caminho, de
regresso a casa, comprei os jornais de fim de semana e, ao ver a primeira
página do Expresso (30 de Junho de 2012) saltou-me logo à vista a imagem de um
homem, em patente estado de desespero, agarrado ao Mercedes do Ministro da
Economia, e, a tentar subjugá-lo, um segurança bem armado. Um “abraço”, pelas
costas, do poder à miséria, conclui.
Dispersei o
olhar por outras parangonas dessa primeira página e que vi? Claro, o outro lado
desse mesmo poder na sua cumplicidade com as negociatas e o “capitalismo de
casino” em que Portugal
está afundado:
“Condenados do
BPN geram fundos do Estado”
“Ex-sócio de
Moedas gere rendas sociais”
“Francisco
Louça: o PS é um partido corrompido”.
Vieram-me, logo,
à memória muitas outras situações em que alguns políticos, encavalitados nos
galhos do Estado, direta ou indiretamente, têm roubado o rendimento suado do
nosso trabalho: Duarte Lima, Isaltino Morais, Dias Loureiro (ah! são tantos que
fico por aqui). E não consegui esquecer os seus cúmplices da banca e da
construção civil (… as PPP!). E até o caso dos submarinos (dois processos crime
à espera - político-partidariamente – da abençoada prescrição da praxe) voltou
a incomodar-me.
Eu trabalho
catorze, quinze horas por dia – eu e tantos outros cidadãos como eu – para esta
corja andar impune, à solta, a gastar o que não é deles? Que parvo que eu sou!
Que somos!
Como se a
corrupção – que todos denunciam, de que alguns beneficiam, mas poucos combatem
– não bastasse, sofremos, agora, a punição de gastadores que dizem que somos
através de uma austeridade que, mais do que um processo, parece ser já uma
situação que veio para ficar. E, ainda mais, assistimos, cada dia que passa ao
avanço de um Estado portador de um projeto autoritário e absolutista que não vê
à sua frente mais do que números. As pessoas, os cidadãos, são meros
algarismos, sem alma, sem transcendência, que valem tanto como os números das
estatísticas, ou ainda menos.
Lembrei-me
também que, no século XVII, em Ingalterra, Jaime II, um rei da jaez destes “monarcas”
que nos governam, viu ser-lhe imposto pelo povo a celebre BILL OF RIGTHS – uma
declaração dos direitos dos cidadãos contra o seu absolutismo.
Em Portugal não
vejo, neste momento, uma sociedade civil capaz de se indignar a sério contra o
avanço de um Estado que é já, em muitos aspetos, mais totalitário que o do
Salazarismo. Ao contrário: parece-me que vamos a caminho do passado e de um qualquer
novo Código de Hamurabi, com leis e punições que já não existiam há 4.000 anos.
A História não
fala só do passado. Também anuncia os caminhos do futuro. Seria conveniente reler,
pois, alguns passos do que fez a história de Portugal e a da Europa. No seu melhor e no seu pior.
Isto vai acabar
muito mal!
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