quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O CUSTO DA EDUCAÇÃO

A Educação também se vende. E é melhor ir por aí do que fechar escolas e despedir professores.


Os mais qualificados, sem emprego, partem após os estudos.

O país fica fragilizado.

Os que ficaram, não prosseguem a sua formação por falta de meios.

O país fica hipotecado.

Vai-se, assim, o presente e desmorona-se a esperança num futuro melhor. E neste jogo de soma nula outros ganham o que nós perdemos.

Interrogo-me, neste contexto, sobre a estratégia do país quanto à Educação – na eventualidade de haver alguma – e como ela estará a ser desenvolvida. A minha convicção é que tudo na Política, hoje, se resume a questões de tabuada. A austeridade, que tem razão de ser, sublinho, quando, porém, é cega e fruto de certas ideologias leva a disparates inqualificáveis. O que se agrava quando a mediocridade, o egoísmo e os interesses pessoais se agarram à mesa do poder.

Não há professores nem escola a mais. Há, sim, estudantes a menos. É que nada se dinamiza para combater a queda demográfica que nos vai minando, ou a desertificação do interior do país que nos está a tolher o futuro. Combater estes flagelos apocalípticos exigiria politicas ativas que nem será preciso inventar. Bastaria sensibilidade democrática e visão de futuro, que não há. Um dia, que não virá longe, se tudo continuar na mão das corporações que nos (des)governam, então, por falta de crianças e de território viável, só restará apagar a luz e fechar a porta ao Estado falhado que seremos (ou, já somos?).

Um outro aspeto que continua a ser descuidado tem a ver com o desprezo pelo valor da língua portuguesa no mundo global. Hoje mesmo presidi a um almoço de empresários franceses e portugueses. O discurso oficial, a cargo de um representante do governo português (?), foi feito em inglês (globish, mais precisamente). Sinal dos tempos, contestar-me-ão, e destino inelutável. Não aceito. Como rejeito liminarmente que, em cursos de formação avançada, designadamente universitários, as aulas sejam dadas em inglês. É provincianismos a mais e prospetiva a menos. Quem frequenta tais cursos – também, os estudantes estrangeiros – teriam, a médio prazo, muito a ganhar, tanto quanto o nosso país, no uso corrente da nossa língua. Mesmo quando as aulas fossem lecionadas em francês, inglês, alemão ou italiano, o que seria normal, a língua do curso deveria ser a portuguesa. Note-se que para frequentar tais cursos há que ter habilitações suficientes e, uma das exigências para escolher os candidatos deveria ser compreender, pelo menos, todas essas línguas, além da portuguesa. Enquanto imperar a tabuada (o negociozito) e o facilitismo só trabalharemos, porém, para assar as castanhas que outros irão comer.

Uma nota final. Em vários países, como é o caso do Reino Unido, a formação, exigente e de grande qualidade, não é alheia aos ritos e ao simbolismo que a cultura enraizou em muitas universidades. E assim é que o fim de um curso é, também, num momento de festa, alegria e, até, folclore (quem tem medo da palavra?). Aí impera uma outra perspetiva legítima do ensino que é a economia. Alguém tem ideia de quanto beneficiam economicamente as escolas onde está viva a cerimónia de imposição de insígnias no fim de um curso obtido num país estrangeiro?

A Educação também se vende. E é melhor ir por aí do que fechar escolas e despedir professores.

Deixemos de ser pedintes e de viver de amigos.

Sejamos ousados, inovadores, diferentes.

Claro que é mais fácil viver à custa do Estado (vejam, olhem já as movimentações dos ratos, após as alterações do poder autárquico, à cata de ração!) mas, por aí, só mudam as moscas…


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