Sempre houve e haverá
alternativas quando os homens sonham.
É preciso é não lhes
matar o direito de sonhar.
Não se pode ignorar que hoje nos aprisionam a vida numa profunda
transformação do mundo onde quase tudo à nossa volta está em processo de
desconstrução e desintegração com foros de gravidade e amplitude dramáticos
para quase todos. A crise que varre o Ocidente é particularmente sentida neste
canto da Europa – é assim que certos poderes não eleitos nos consideram! – e
significa crescentes desigualdades sociais, pobreza sem fim e exclusão social
acelerada. Não há direitos sociais que resistam já à fúria destruidora do papel
do Estado social que nos querem, agora, impor os da grande finança.
O nosso fado chama-se hoje crise num tempo em que a inteligência da
vivência humana cada vez se aprofunda mais. A revolta, o medo e a deceção estão
presentes no ar que respiramos e sopram já ventos, vindos da profunda regressão
da economia, que prenunciam o fim das liberdades políticas. Como referem Nicolas
Berger e Nathan Gaudes habituamo-nos a viver em “democracias de consumo” onde
não há lugar à preparação de qualquer futuro.
Assim não vamos, porém, a lado nenhum.
A austeridade pela austeridade, de que tanto gostam alguns
austeristaristas de serviço, é uma
armadilha dos homens contra o Homem. Mas que precisamos de uma extensa e
profunda revisão de comportamentos e, sobretudo crenças (p. ex.: tudo é
possível, não há limites para o consumo, o Estado tem de dar tudo, etc.) é uma realidade.
Chamemos-lhe metanóia e sigamos essa purificação interior dos maus hábitos de
um passado ilusório.
Só que a austeridade sem esperança é gaita que não assobia.
Porque é que temos de empobrecer como expressa ou implicitamente nos
impõem os do Terreiro do Paço?
Não há alternativa?
Sempre houve e haverá alternativas quando os homens sonham. É preciso é
não lhes matar o direito de sonhar.
Os portugueses não estão condenados à miséria e podem sair do atoleiro em
que o país se encontra se for esse o seu desejo. É certo que “um fraco rei, faz
fraca a forte gente” mas nós somos maiores que esses austeritários que nos
governam sem qualquer ideia que vá além da tabuada.
Temos que trabalhar , produzir e viver.
Trabalhar com inteligência para sermos competitivos num mundo global que
aí está. Produzir para partilhar, em solidariedade com os outros portugueses e
vender fora, competitivamente, tudo o mais. Viver para além do trabalho porque
o homem não foi feito para o trabalho mas o trabalho para o homem. Para o
realizar e emancipar.
Quando tantos portugueses abandonam o país em busca de segurança,
estabilidade e conforto, será que os que cá vamos ficando não seremos capazes
de mudar a tendência confrangedora deste tempo ingrato?
Se quisermos, somos. A condição essencial para isso, contudo, parece ser
hoje, mais que nunca, mudar de “rei”, mudar o Terreiro do Paço para o país
real, desligar da comunicação social oportunista que temos, e meter mãos à obra
para refundar Portugal.
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