quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

EM DEFESA DA LIBERDADE DA PESSOA

A estratégia que move as desconsiderações aos maçons – além de procurar fazer deles bodes expiatórios de problemas alheios – é muito, muito preocupante nas suas causas e efeitos mais remotos.


Desde que atingi a idade de pensar por mim a vida pública, sempre tenho defendido e lutado pela transparência e credibilidade dos atos e contratos com o Estado e das ações dos que nelas se encontram envolvidos. Este escrito é, pois, mais uma achega ao debate que vai no espaço público em torno da defesa da vida privada, designadamente dos membros da maçonaria, do que uma nova abordagem daquelas ideias que tenho por indiscutíveis na sua essência.


E a propósito de tudo o que li e ouvi – tanta asneira, ignorância, inveja! – pergunto-me se o meu país não tem outros problemas para onde a inteletualidade, tantas vezes balofa que por aí perora, possa encaminhar as suas mentes brilhantes e fazer algo a sério pela nossa moribunda sociedade.


A estratégia que move as desconsiderações aos maçons – além de procurar fazer deles bodes expiatórios de problemas alheios – é muito, muito preocupante nas suas causas e efeitos mais remotos. Ninguém poderá ignorar que, atrás do palco, a mover os cordelinhos da peça em cena, está a ganância de negociantes que imperam hoje na comunicação social, nomeadamente tendo em vista a privatização de um canal público de televisão e que, desonestamente, se servem de todos os meios para alcançar os seus fins. Pior, porém, é que, de muitos lados – Oh Sr.ª Ministra da Justiça, não fale do que nada sabe! Acalme-se! Tenha tino! – começam a surgir ideias, velhas e relhas, que, como no tempo das ditaduras de Salazar, de Franco, de Hitler ou de Mussolini, subtilmente procuram minar os ideais da liberdade da pessoa humana e, em geral, dos seus direitos fundamentais e que, também, nesses tempos, amordaçaram a maçonaria. Portugal vive numa situação política em que a democracia está já em suspenso face aos poderes não eleitos que gerem a nossa política (vulgo a Troika) e à expansão da sociedade do medo que a austerização, desumana, nos vem sendo impondo.


Caindo a democracia e vencendo o medo que aí anda a trote que restará à dignidade dos portugueses?


Neste contexto pode-se compreender melhor – e definitivamente – os ataques desnorteados à maçonaria. É que na história e, também, na atualidade, nela reside a última fronteira a franquear pelos ditadores ou candidatos a ditadores. É, nesse sentido, um perigo para estes, porque se constitui uma muralha nunca vencida.


Defendo que os maçons que queiram, se revelem cono tal, mas jamais que uma lei os obrigue a pôr na praça pública o que é da ordem da sua consciência. Pelo contrário reclamo que – com a Sr.ª Ministra da Justiça à frente – todos aqueles que ocupam lugares de autoridade no Estado e, logo, gastam os impostos que pagamos e nos tolhem os destinos (governantes, parlamentares, autarcas nomeadamente) sejam obrigados não só a fazer (ilusórias) declarações de rendimentos, mas, também, de outros interesses. Exemplifico o que quero dizer referindo-me aos advogados que estão nesses cargos (ainda que com inscrição suspensa na Ordem). Reclamo que divulguem, obrigatoriamente, os negócios em que participaram e deixaram nos seus gabinete e em que o Estado tenha algum envolvimento e que, também, durante dois anos após a cessação de funções públicas sejam, também, obrigados a publicitar os seus novos clientes (conheço as regras do Estatuto da Ordem dos Advogados que, entendo, deveriam, porém, ser revogados para tais políticos…).


Calcularão os portugueses as fortunas que esses senhores, a quem demos democraticamente o poder, alcançam dando nome aos escritórios que continuam a manter os seus nomes e a tratar – por interpostas pessoas – os assuntos de Sua Excelências?


O que lhes vale é que, em boa verdade, só a corrupção não é para combater, é para gerir ao sabor das lutas partidárias.


As víboras, como a corrupção, atacam-se melhor no ovo.

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