Não
estamos condenados à pobreza, ao sofrimento e à ignorância!
As nossas vidas
perderam muito do seu significado e sentido nos últimos tempos e não foi só por
questões económicas conexas com a austeridade que os poderes nos vão impondo e
a que alguns espantosamente se subjugam silenciosamente, quando a não defendem.
Vivemos, sobretudo, uma época de crenças moles e raras convicções. Um tempo de
lassidão e laxismo. Como disse Martin Luther king “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.
O 10 de junho,
dia de Portugal, de Camões e das Comunidades é passado geralmente na praia. O 5
de outubro (que deixou de ser dia feriado) reúne uns pequenos grupos de
republicanos desnorteados nalgumas cerimónias incaracterísticas e a que o povo é absolutamente alheio. O 1º
de dezembro é para as compras e não chega. E o Natal que aí vem, felizmente
menos mercantilizado, já nada diz a muitos de nós afastados do consumismo que o
vinha caracterizando.
Um silêncio
ensurdecedor instalou-se no nosso quotidiano comum e aprisiona, mesmo, a
consciência de muitos. Reina sobre as grandes questões da sociedade, e até já
muitas elites intelectuais embarcaram na desistência de pensar a vida.
O pragmatismo
que se impõe nas contas públicas e nos orçamentos privados não é inconciliável,
porém, com um plano de batalha transformador da sociedade a médio e longo
prazo.
O maior fator do
desespero dos cidadãos é a vacuidade do discurso dos poderes públicos quando se
fala do futuro.
Não estamos condenados
à pobreza, ao sofrimento e à ignorância!
Uma outra
sociedade é possível!
A pobreza em que
mergulhamos não tem a ver, apenas, com a carência dos bens materiais, a falta
de alojamento condigno, a deficiente alimentação e males semelhantes. A grande
interrogação e a maior angústia, hoje, tem a ver com o facto de que ninguém sabe
o que será o amanhã.
O medo mata.
Vidas, sonhos e um futuro decente. Está instalado na nossa sociedade. O Ocidente
está nas mãos de gente sem memória. A UE, sem norte, ergue-se como o templo dos
egoísmos indiferente às crescentes desigualdades sociais. Ora, as sociedades em
crise são o terreno propício para crescer o medo e toda a espécie de
radicalizações. Em Portugal, um país de joelhos, cada dia que passa somos menos
pessoas. Os governantes, que parecem só saber a tabuada do défice e da dívida,
ignoram o desemprego, desvalorizam a redução brutal dos rendimentos das
famílias e cortam os apoios sociais. A subida draconiana dos impostos vai de
par com a agonia inexorável do funcionamento dos serviços públicos.
Culpabiliza-se os cidadãos pelo consumismo, pelo desequilíbrio externo, pelo
desemprego, por estarem reformados, por não emigrarem. A mentira é anestesiante e desmotivadora, mas
não deixa de ser mentira ainda que gritada todos os dias aos ouvidos de
encautos cidadãos.
A regra de
ouro de qualquer contrato social é a defesa dos mais desprotegidos. Ora, é
precisamente o contrato social que existia entre o Estado e os cidadãos que tem
sido meticulosamente rasgado, escamoteado no acordo com a “Troika” que bebe das
mesmas ideias e opções de Thatcher.
Está em
marcha a desconstrução do Estado social e que ninguém se iluda pois com ela vai
o fim da democracia.
É preciso
reapreciar o Estado-providência? É, seguramente. Mas este é uma patologia do
Estado Social que, esse, é, um dos pilares da democracia. Cuidado porque, por
este andar, vai o bebé com a água do banho…
1 comentário:
Estamos a mudar de vida. o "sacrificio" já faz parte do nosso dia a dia.
até quando não sabemos.
www.olhardireito.blogspot.com
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