quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

DAR SENTIDO AOS SACRIFICIOS


Não estamos condenados à pobreza, ao sofrimento e à ignorância!

As nossas vidas perderam muito do seu significado e sentido nos últimos tempos e não foi só por questões económicas conexas com a austeridade que os poderes nos vão impondo e a que alguns espantosamente se subjugam silenciosamente, quando a não defendem. Vivemos, sobretudo, uma época de crenças moles e raras convicções. Um tempo de lassidão e laxismo. Como disse Martin Luther king “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.

O 10 de junho, dia de Portugal, de Camões e das Comunidades é passado geralmente na praia. O 5 de outubro (que deixou de ser dia feriado) reúne uns pequenos grupos de republicanos desnorteados nalgumas cerimónias incaracterísticas  e a que o povo é absolutamente alheio. O 1º de dezembro é para as compras e não chega. E o Natal que aí vem, felizmente menos mercantilizado, já nada diz a muitos de nós afastados do consumismo que o vinha caracterizando.

Um silêncio ensurdecedor instalou-se no nosso quotidiano comum e aprisiona, mesmo, a consciência de muitos. Reina sobre as grandes questões da sociedade, e até já muitas elites intelectuais embarcaram na desistência de pensar a vida.

O pragmatismo que se impõe nas contas públicas e nos orçamentos privados não é inconciliável, porém, com um plano de batalha transformador da sociedade a médio e longo prazo.

O maior fator do desespero dos cidadãos é a vacuidade do discurso dos poderes públicos quando se fala do futuro.

Não estamos condenados à pobreza, ao sofrimento e à ignorância!

Uma outra sociedade é possível!

A pobreza em que mergulhamos não tem a ver, apenas, com a carência dos bens materiais, a falta de alojamento condigno, a deficiente alimentação e males semelhantes. A grande interrogação e a maior angústia, hoje, tem a ver com o facto de que ninguém sabe o que será o amanhã.

O medo mata. Vidas, sonhos e um futuro decente. Está instalado na nossa sociedade. O Ocidente está nas mãos de gente sem memória. A UE, sem norte, ergue-se como o templo dos egoísmos indiferente às crescentes desigualdades sociais. Ora, as sociedades em crise são o terreno propício para crescer o medo e toda a espécie de radicalizações. Em Portugal, um país de joelhos, cada dia que passa somos menos pessoas. Os governantes, que parecem só saber a tabuada do défice e da dívida, ignoram o desemprego, desvalorizam a redução brutal dos rendimentos das famílias e cortam os apoios sociais. A subida draconiana dos impostos vai de par com a agonia inexorável do funcionamento dos serviços públicos. Culpabiliza-se os cidadãos pelo consumismo, pelo desequilíbrio externo, pelo desemprego, por estarem reformados, por não emigrarem.  A mentira é anestesiante e desmotivadora, mas não deixa de ser mentira ainda que gritada todos os dias aos ouvidos de encautos cidadãos.

A regra de ouro de qualquer contrato social é a defesa dos mais desprotegidos. Ora, é precisamente o contrato social que existia entre o Estado e os cidadãos que tem sido meticulosamente rasgado, escamoteado no acordo com a “Troika” que bebe das mesmas ideias e opções de Thatcher.

Está em marcha a desconstrução do Estado social e que ninguém se iluda pois com ela vai o fim da democracia.

É preciso reapreciar o Estado-providência? É, seguramente. Mas este é uma patologia do Estado Social que, esse, é, um dos pilares da democracia. Cuidado porque, por este andar, vai o bebé com a água do banho…

1 comentário:

Francisco Castelo Branco disse...

Estamos a mudar de vida. o "sacrificio" já faz parte do nosso dia a dia.

até quando não sabemos.

www.olhardireito.blogspot.com