Ninguém tem culpa por ter nascido em
Portugal, mas todos temos a obrigação moral e cívica de nos indignarmos quando,
em proveito próprio, alguns sugam a vida da nossa vida – da vossa vida.
Vejo, oiço e leio
que estais a sofrer os efeitos da iniquidade de uma política de austeridade que
já vai muito além do que seria humana e eticamente suportável. E que as vossas
vidas já estão, por isso, em risco.
Sei bem, também,
que os desmandos dos usurários negociantes de serviços ligados à saúde causaram
( causam ainda) danos gravíssimos ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), tanto
quanto o tem extorquido escandalosamente empresas fornecedoras de produtos e
bens necessários à prestação de cuidados de saúde. Em grande parte estais a
sofrer as consequências do egoísmo e, pior, de práticas criminosas de
corporações e de empresas administradas por verdadeiros ladrões do Estado,
protegidos por cumplicidades inconfessáveis, por vezes dentro do próprio
sistema de saúde.
Ninguém tem
culpa por ter nascido em Portugal, mas todos temos a obrigação moral e cívica
de nos indignarmos quando, em proveito próprio, alguns sugam a vida da nossa
vida – da vossa vida. Por isso vos escrevo, solidário, esta carta, assumindo,
com todas as consequências, que muito do que estais a sofrer, é fruto de crimes
de poderosos interesses que mandam de facto neste país. Mas é também fruto da
inépcia de alguns que nos tem governado e que só sabem contar até dez – e
cortar, cortar a eito nos nossos mais elementares direitos de cidadania.
Vós, pobres
doentes deste triste país, que andais à míngua de cuidados de saúde, medicamentos,
transporte hospitalar… sabeis, por acaso, que qualquer cidadão da U. E. que se
apresente num hospital português recebe tudo o que precisa e não paga (quase) nada?!
Sabeis que países vários, como a Inglaterra, mandam para se tratar em Portugal
os súbditos de sua Majestade, disfarçados de turistas, e que somos nós,
portugueses, que ficamos com os respetivos custos?
Falta dizer-vos
mais.
É que várias
companhias de seguros – dessas que mandam visitar-nos garotas de mini-saia para
firmar contratos de seguros e, depois, “coronéis” odiosos para renegar as
eventuais consequências dos sinistros – estão a defraudar a Lei, a mentir aos seus
clientes e a prejudicar criminosamente o nosso país.
Eu explico. Ao
contratar uma viagem é geralmente imposto “suavemente” aos turistas que
procuram Portugal um seguro, designadamente para eventualidades de acidente ou
doença – seguro que paga. Se por infelicidade acontece um sinistro, o que se
passa, geralmente, é que essas seguradoras assobiam para o lado (quando não
expressamente recusam cumprir as suas obrigações) e mandam os segurados
apresentar, nos hospitais portugueses o Cartão Europeu de Saúde que lhes
permite imputar as respetivas despesas ao SNS. Sol na eira e chuva no naval:
recebem o preço da apólice e afastam as obrigações que, nela, assumiram. Assim
vai o mundo dos negócios!
Estão a ser
tomadas, em Espanha, importantes medidas para obviar ao despudor desta
gentalha. Por cá ninguém se indigna, porém, e, pior, escrevem-se pareceres
masoquistas a defender esta burla.
Pobres doentes
do meu país: o vosso destino não tem de passar pelo medo e pela perda da vida à
míngua de recursos. Por isso vos anuncio que a H. L. P. Health & Leisure
Portugal - Associação para a Promoção do
Turismo de Saúde, instituição sem fins lucrativos, vai apresentar queixa à
Comissão Europeia contra esses espertos e denunciar a situação ao Tribunal de
Contas. E iremos até ao Tribunal de Justiça da União Europeia se o Governo
português não alterar rapidamente os procedimentos tradicionais,
característicos de um país subalterno.
É o nosso
compromisso.
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