É de bom tom e politicamente correto apelar, nestes tempos festivos, à
ajuda aos pobres e aos
excluídos da sociedade. Eu quero deixá-los em paz neste
escrito, até porque, muitos deles, estarão com a sua consciência mais tranquila
do que eu e muitos outros portugueses. Por isso convoco, antes, os ricos à
praça pública, convoco-os apenas para prestarem contas à sua consciência.
Cada Homem tem
em si todos os outros homens.
Geralmente os
católicos e os que voltejam ao redor da sua religiosidade apenas pelo Natal
evidenciam, por vezes mais em palavras do que em atos, a solidariedade, a
caridade (amor) que daí decorre. No mais do tempo “salve-se quem puder” é o
mote, ou seja, que cada um trate de si que isso basta a todos. Esta é, de
resto, a “cultura” do nosso quotidiano ocidental, vazia de valores, liquido,
consumista, hedonista, egoísta.
Um ou outro
leitor, dos poucos que lerão estas singelas crónicas, têm-me assinalado que,
por vezes, recorro a temas, uso expressões e tiro conclusões duras,
justiceiras, porventura, expressão de alguma “dor de cotovelo” dos políticos
“bem sucedidos”, e, dos “negociantes de sucesso” e de alguns outros que
souberam chegar ao poder sem se perceber como e o usam também só para si. Têm
todo o direito de assim pensar, mas, hoje, digo-lhes, sem qualquer hesitação,
que estão muito enganados. Apenas comento atos, políticas, comportamentos,
sempre, porém, em paz com os homens que os praticam e com quem me permito
conviver fraternalmente se eles mo permitem. Algumas vezes, até, apenas darei
forma escrita ao que os que me criticam generosamente vão dizendo nos
corredores, em voz baixa, para que ninguém os venha incomodar…
Tentando
situar-me fora dos cânones tradicionais de certo catolicismo, acredito com
sinceridade, que o sucesso é uma bênção e a riqueza que dele advém é saudável
(Max Weber, L’etique protestante et l’espirit du capitalisme). Ponto é que seja
“dado” a cada um o que é seu – o que se diz Justiça. Só por aí já mudaria tanta
coisa!
Dai a utopia
que, em algum tempo, num qualquer “Natal”, ninguém dê nada a ninguém e que cada
um dê tudo, a todos, em cada dia. Sobretudo que a ninguém seja retirado o que é
seu em resultado do seu trabalho.
Na crise que
atravessa a nossa sociedade, a austeridade, o medo e a indiferença vão marcar
estes dias finais de Dezembro. A revolta e a indignação, em diferentes tons,
também. Ora tudo tem a ver com a Política, hoje nas mãos dos homúnculos que
gravitam por todo o lado e de ativistas sociais por vezes sem escrúpulos. Pior,
ainda, de obscuros poderes internacionalistas, não eleitos, que comandam as
finanças (e a riqueza) do mundo.
A paz social é,
porém, algo de que a nossa sociedade está cada vez mais carecida. Sei bem que
não é possível pregá-la a barrigas vazias… mas que é urgente, é.
Como lá chegar?
Se não me perguntarem,
eu talvez saiba, mas, se alguém me pedir esclarecimentos, decerto que não
saberei explicar e menos, ainda, argumentar.
É de bom tom e
politicamente correto apelar, nestes tempos festivos, à ajuda aos pobres e aos
excluídos da sociedade. Eu quero deixá-los em paz neste escrito, até porque,
muitos deles, estarão com a sua consciência mais tranquila do que eu e muitos
outros portugueses. Por isso convoco, antes, os ricos à praça pública e, entre
eles, os homens e mulheres da politica politiqueira que, nela, e dela vivam,
para tratar das suas negociatas à custa do dinheiro do Estado. Convoco, também,
os que vivem à tripa forra por terem estado na vida política e os que se servem
deles para obter sucesso financeiro ilegítimo. E convoco-os apenas para
prestarem contas à sua consciência.
Temos de abrir
os caminhos para recuperar a confiança perdida, numa sociedade de risco como é
a nossa. Confiança pessoal (nos outros) e confiança nas instituições, no
“sistema” (Luhman).
Sem uma resposta
política – mas também cultural – nunca sairemos da crise.
Que o ano que se
anuncia possa levar-nos a perceber tudo isto e a construir um imperativo,
outro, novo, Contrato Social.
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