quinta-feira, 18 de julho de 2013
quarta-feira, 17 de julho de 2013
CONSTRUIR UM NOVO PORTUGAL, TAMBÉM PELA “EXPORTAÇÃO” DA EDUCAÇÃO
O financiamento do
sistema de educação em Portugal atravessa dificuldades dramáticas, mas é
inegável nele se integram profissionais da excecional qualidade intelectual e
não faltam instituições de ensino competitivas ao nível do que de melhor há no
mundo.
Aproveitei o
solstício de verão para olhar de outro sítio para a crise que nos atormenta –
de um ponto de vista menos pessimista e interpelando, sobretudo, as
oportunidades de construirmos um novo Portugal. Na última crónica referi-me,
por isso, ao Turismo de Saúde e Bem Estar. Agora deixo umas breves linhas sobre
educação.
Assomou-me à
memória, nessa reflexão, recorrentemente, Agostinho da Silva e a sua fé numa
missão especial de Portugal no mundo: a de construir um Quinto Império cultural
(já oiço vozes a clamar: loucura! - mas deixem-me ir até ao fim). Recordo, em
particular, uma frase “A Europa
esgotou-se no Poder e temos, agora, de partir para outra fórmula que é cada
homem ser aquilo que é” (in
Agostinho da Silva, Dispersos, p. 128). Loucuras vulgares, decerto…
Face a todos os
problemas que surgem ao evocar esse termo, polisémico e de largo espectro, é na
perspectiva de sistema que vão ancorar estas breves linhas. E com os olhos,
tanto quanto possível, virados para o amanhã. Convoco, para tanto, alguns
conceitos e ideiais da chamada “economia de educação”, designadamente os
aspectos “micro económicos” do sistema educativo.
O financiamento
do sistema de educação em Portugal atravessa dificuldades dramáticas, mas é
inegável nele se integram profissionais da excecional qualidade intelectual e
não faltam instituições de ensino competitivas ao nível do que de melhor há no
mundo.
Porquê, então, a
presente crise?
Creio que se tem,
olhado excessivamente para o dia-a-dia ou, então, para as grandes filosofias,
deixando, porém, de lado coisas simples em busca de respostas complexas que
nada têm resolvido.
Anda na boca de
muitos a ideia de exportação do Ensino Superior – atrair alunos estrangeiros para
as instituições de ensino supeior portuguesas. O objetivo é meritório e, mais
do que isso, estratégico também para a economia nacional. Outros países já
descobriram essa mina há muito tempo. Acontece, porém, que, deixando nós tudo
ao “desenrascanso” e ao voluntarismo de alguns, o mundo ignora Portugal também
como destino para estudar. E, os poucos que não ignoram chegam cá e têm aulas
em “globish” – o inglês da praia e
das discotecas.
Ora para isso
iam para os EUA ou para o Reino Unido!
Defendo, pois,
que se valorize a língua portuguesa nesse ensino, deixando de lado o
provincianismo tradicional. Aulas em português, por professores portugueses e,
eventualmente, em outras línguas (repito, outras) por professores eméritos de
outras nacionalidades, se for oportuno.
Não ignorem, o
potencial económico de língua portuguesa – atual e futuro. Pensem e
informem-se, senhores do poder. Leiam, por exemplo, esse livrinho fundamental
de Luís Reto (“Potencial Económico da Língua Portuguesa”, Texto, 2012), além
dos já escritos de Agostinho da Silva!
E para concluir,
que o espaço é curto, haverá alguém disponível para apoiar a
institucionalização de um projeto de mobilidade de estudantes de todos os
países de língua portuguesa, algo tipo “ERASMUS”?
A Fundação
Afro-Lusitana (que a irresponsabilidade que nos governa quer extinguir sem
contraditório) vai tentar fazê-lo. E, também, organizar uma Universidade de
Verão para esses estudantes.
Voltarei a estes
temas um dia.
Publicada por
António Vilar
à(s)
7/17/2013
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segunda-feira, 15 de julho de 2013
DAR UM FUTURO AO NOSSO PASSADO
Somos detentores de saber, instituições e infraestuturas que poucos
países mais possuem, mas temos vindo a levar ao descalabro essas situações
exemplares e os possíveis que eles contém.
Em tempos de crise, de forte tempestade, uns erguem altos muros, mas
outros constroem moinhos de vento.
Não vale mais a pena perder tempo com as garotices dos “jotas” que, sem
preparação política nem a mínima qualificação, sequestraram o poder neste país
e não o querem largar. Continuarão no governo e à mesa do orçamento mas num
país que já não é soberano, nem seu. No fundo, tomando a metáfora de Pedro Adão
e Silva, movendo-se como o galispo a quem, cortada a cabeça para ir para o
tacho, ainda assim corre desalmadamente, sem tino, até ao destino final,
inexorável, por mais altos que sejam os muros que tenham construído.
Há alguns portugueses, cá dentro e lá fora, que, ao contrário, lutam por
um futuro digno, decente, próspero e racional. Há que olhar mais do que nunca,
agora, para os seus exemplos e para aquilo em que acreditam. Para os moinhos em
que os ventos da crise poderão, afinal, produzir um outro mundo, melhor.
Nesta e nas próximas crónicas, vou referir-me a duas áreas em que não
poderemos ignorar as oportunidades de vencer. Uma, a que hoje abordarei, é o
Turismo – particularmente o turismo de saúde e de bem estar. A seguir abordarei
a Educação. Num e noutro âmbito somos detentores de saber, instituições e
infraestuturas que poucos países mais possuem. Acontece, porém, que com exacerbado
populismo e falta de “mundo” nas nossas cabeças, temos vindo a levar ao
descalabro essas situações exemplares e os possíveis que eles contêm.
Temos um Serviço Nacional de Saúde que já foi considerado um dos melhores
do mundo, bem como hospitais privados de grande qualidade, o que, infelizmente,
não tem paralelo na generalidade dos países, nomeadamente nos de língua
portuguesa, mas não só. E esta situação não se reverterá senão daqui a muitos
anos. Além disso, num tempo posmoderno, assiste-se, sobretudo no Ocidente, ao
renascimento do turismo de saúde e de bem estar.
Porque não partilhamos o nosso ser, o nosso ter, o nosso saber com os que
possam estar interessados?
Precisamos de espírito de conquista e de planos de batalha, - de uma
estratégia – que, em vez de incentivar os melhores médicos, enfermeiros,
administradores hospitalares e outros profissionais de saúde a partir para
outras paragens à mingua de condições dignas de vida neste país, aqui encontrem
a sua realização pessoal contribuindo também para o bem estar de todos e o
desenvolvimento de Portugal.
A saúde e o corpo são bens que o futuro humano cada vez mais consagrará.
Se temos um terreno fértil, porque razão não o cultivamos dando curso a uma
verdadeira revolução paradigmática na saúde?
Conheço várias tentativas e, até, casos reais em que tal ambição está
presente, mas estou consciente, sobretudo, do espírito fechado, mesquinho de
uma sociedade empresarial velha, enquistada em padrões tradicionais e,
sobretudo individualista. A revolução urgente, não se compadece com estes novos
“velhos do Restelo”.
Há, por um lado, que partilhar conhecimentos, instrumentos e objectivos.
Impõe-se, por outro, que o poder político não estorve e, pelo contrário,
lidere politicamente – mas não se meta no negócio! – a divulgação de Portugal
como destino para o turismo de saúde e bem estar.
Se assim for, não tenho dúvidas que o futuro já vai começar.
Publicada por
António Vilar
à(s)
7/15/2013
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quarta-feira, 3 de julho de 2013
ADIANTE, QUE SE FAZ TARDE
Querem ir sem nós? Pois
bem, nós seguiremos sem eles.
Um indício de resposta foi-me trazida nestes dias mais fortemente
enquanto esteve no Porto, a convite do Forum Portucalense, o Sr. ILAN GEVA, um
dos maiores peritos mundiais em marketing,
convidado a falar sobre dois temas: “Portugal
destino de excelência – TURISMO DE SAÚDE E BEM ESTAR – QUE FAZER?” e “Porto! Uma marca para o mundo!”. Quem
assistiu, considerou excelente o conteúdo das informações que nos foram
trazidas por esse guru norte americano e vários presentes nas conferências, de
algum saber de experiência feito, concluíram que neste país se vai por um
caminho errado e urge mudar de estratégia se algum dia quisermos tirar a cabeça
debaixo de água. Outros não perceberam nada. Muitos, responsáveis no aparelho
da administração pública ou autarcas, que todos pagamos, primaram pela
ausência. Também os autodesignados “notáveis”(!?) do Porto fizeram sentir com a
sua ausência a soberba do seu egoísmo, da sua ignorância e do seu desprezo por
tudo o que não vai no sentido dos seus interesses individuais. A comunicação
social, tirando a honrosa presença da RTP1 e do jornal “Vida Económica” – cada
vez mais claramente um exército de mercenários estúpidos – fez ouvidos de
mercador aos eventos.
Feliz o país que tais filhos… tem!
Adiante, porém que se faz tarde.
Na espuma dos dias recentes e no contexto da visita assinalada, outras
situações vieram fundamentar a razão de ser das perguntas com que iniciei esta
crónica. Escolho sublinhar as seguintes:
1. No hotel, na baixa do Porto, onde ficou instalado o convidado do Forum
Portucalense, só é possível atender uma chamada telefónica de cada vez. A
esposa do Sr. Ilan Geva passou horas a tentar falar para esse hotel sem
sucesso!
2. À partida para um cruzeiro no Douro – e apesar da empresa organizadora
ter sido informada a respeito do viajante que iria acolher, - apareceu, apenas,
tarde e a más horas, uma loira oxigenada, mas sobretudo malformada, a
“despachar” para o comboio os turistas. Nem uma palavra de boas vindas, (nem
qualquer outra) mas, antes, o desprezo por um trabalho que deveria ser exercido
com particular cuidado.
3. Na programada (e acordada) visita a um espaço público marcante das
artes, nem um passarinho cuidou minimamente de acolher o visitante. A pesporrência
e negligência de quem o governa (?) fez-nos corar de vergonha.
E fico por aqui. Não sem sublinhar que houve também momentos a atitudes
cativantes e do verdadeiro interesse de Portugal: do Sr. Doutor Manuel Teixeira
(Secretário de Estado da Saúde); do Sr. Prof. Agostinho Cruz (Escola Superior
de Tecnologia da Saúde do Porto); do Sr. Prof. Salvato Trigo (Universidade
Fernando Pessoa); do Sr. Dr. Laranjeira Pontes (Instituto Português de
Oncologia do Porto); do Sr. Prof. António Ferreira (Hospital de S. João); do
Sr. Dr. Paulo Sarmento e Cunha (Casa da Música); do Sr. Dr. Manuel Cabral
(Instituto dos Vinhos do Douro e Porto).
Aos que vivem dos “tachos” com que o poder político paga favores e nada
fazem; aos que vivem dos subsídios do Estado para não fazer nada e aos que já desistiram
de lutar apenas peço que não vivam mais à custa dos que sacrificadamente ainda
trabalham e lutam. Deixem a sociedade civil organizar-se e agir em liberdade
num voluntário e gratuito prazer de construir um país novo.
Querem ir sem nós? Pois bem, nós seguiremos sem eles.
Publicada por
António Vilar
à(s)
7/03/2013
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