sexta-feira, 18 de outubro de 2013

TURISMO DE SAÚDE E BEM ESTAR – UMA APOSTA DE FUTURO

Portugal tem inúmeras vantagens competitivas nesta área que não têm sido, porém,
relevadas e parece, aliás, que não há grande interesse em levantar âncora
neste novo mundo de competição global.

No meio de uma crise que abala, de alto a baixo, a sociedade portuguesa, estão a nascer à margem do Estado projetos e iniciativas de profunda relevância para o futuro do país. Porque têm o seu epicentro fora do âmbito do polvo que continua a ser Lisboa (para quem o resto do país é mera paisagem) a comunicação social que desgraçadamente temos - cada vez mais a voz do dono – não lhes dá qualquer atenção. Há, porém, que lhes dar luz e, também, que realçar quanto, várias entidades associativas bilaterais (câmaras de comércio e indústria), se mostram interessadas nessa perspetiva de um país melhor e dispostas a colaborar no seu âmbito de ação.

Foi o que aconteceu na passada segunda-feira, 14 de outubro, através da realização de um importante seminário organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Francesa sobre Turismo de Saúde e Bem Estar e que contou com uma plateia numerosa, também de investidores franceses, interessadíssima no tema. Refira-se, de resto, que essa Câmara de Comércio, editou, ainda, mais um número da sua revista, ASPECTOS, sobre o tema do Turismo de Saúde e Bem Estar, coordenada com superior competência pela Sr.ª Drª Ana Meneses e com contributos de altíssimo valor. Sublinho, também, que, no dia 21 de outubro, se realizará uma importante “Encontro de Gestores”, no Auditório do Centro Hospitalar da Cova da Beira para debater o Tema “Saúde em Portugal: estratégias para um desenvolvimento sustentável”. Imperdível.

Mas o que é isso de Turismo de Saúde e Bem Estar?

O Turismo de Saúde e Bem Estar, numa primeira abordagem, simples, tem a ver com o tratamento de qualquer doença no local mais propício à sua cura, seja em que país for e, tendo em conta que a saúde, atualmente, já não assenta no paradigma da doença mas, ao contrário, tem avançado para novas dimensões ligadas ao bem estar e à transformação do corpo. Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) “a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças”. (cfr. www.who.int)

A saúde vem sendo perspetivada, com efeito, no sentido de bem estar, segundo um paradigma salutogénico e não patogénico. E neste quadro, as pessoas são convocadas para terem uma participação ativa nesse processo, que já foi referido como, uma “nova religião.”
A saúde é hoje, cada vez mais, uma questão de estilo de vida com uma inegável dimensão simbólica e cultural. O século XXI, com efeito, vem assistindo, face a novos paradigmas societais e ideológicos, ao desenvolvimento do Turismo de Saúde e Bem Estar – o que já se designou por “Nova Saúde” – em que, ao alheamento do Estado Providência, sucede a responsabilização individual.

Portugal tem inúmeras vantagens competitivas nesta área que não têm sido, porém, relevadas e parece, aliás, que não há grande interesse em levantar âncora neste novo mundo de competição global. Na verdade, agrilhoado num sistema normativo e burocrático do tempo da leviandade do caminho para o socialismo (comunismo) inscrito na Constituição de 1976, a vontade política de mudar para o futuro anda aos solavancos entre ministérios numa confusão e com uma inércia arrepiantes.

Quem manda não sabe, e quem sabe não manda… E, uns e outros, não deixam a sociedade civil ousar esse desafio. Pior que tudo, parece, ainda, que alguns poderes fácticos, não eleitos, (leia-se lobbies) se antepõem, com a passividade da soberania nacional (… a pouca que ainda existirá) para entravar os legítimos objetivos empresariais nacionais em beneficio exclusivo dos seus interesses sem rosto.

A “Troika” sabe bem o que quer e não quer mais do que aqueles a que está enfeudada também querem. O seu empenho é viver à custa dos pobres países resgatados, empobrecendo-os, explorando-os e aprisionando-os às suas regras imorais.


Até quando?

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O CUSTO DA EDUCAÇÃO

A Educação também se vende. E é melhor ir por aí do que fechar escolas e despedir professores.


Os mais qualificados, sem emprego, partem após os estudos.

O país fica fragilizado.

Os que ficaram, não prosseguem a sua formação por falta de meios.

O país fica hipotecado.

Vai-se, assim, o presente e desmorona-se a esperança num futuro melhor. E neste jogo de soma nula outros ganham o que nós perdemos.

Interrogo-me, neste contexto, sobre a estratégia do país quanto à Educação – na eventualidade de haver alguma – e como ela estará a ser desenvolvida. A minha convicção é que tudo na Política, hoje, se resume a questões de tabuada. A austeridade, que tem razão de ser, sublinho, quando, porém, é cega e fruto de certas ideologias leva a disparates inqualificáveis. O que se agrava quando a mediocridade, o egoísmo e os interesses pessoais se agarram à mesa do poder.

Não há professores nem escola a mais. Há, sim, estudantes a menos. É que nada se dinamiza para combater a queda demográfica que nos vai minando, ou a desertificação do interior do país que nos está a tolher o futuro. Combater estes flagelos apocalípticos exigiria politicas ativas que nem será preciso inventar. Bastaria sensibilidade democrática e visão de futuro, que não há. Um dia, que não virá longe, se tudo continuar na mão das corporações que nos (des)governam, então, por falta de crianças e de território viável, só restará apagar a luz e fechar a porta ao Estado falhado que seremos (ou, já somos?).

Um outro aspeto que continua a ser descuidado tem a ver com o desprezo pelo valor da língua portuguesa no mundo global. Hoje mesmo presidi a um almoço de empresários franceses e portugueses. O discurso oficial, a cargo de um representante do governo português (?), foi feito em inglês (globish, mais precisamente). Sinal dos tempos, contestar-me-ão, e destino inelutável. Não aceito. Como rejeito liminarmente que, em cursos de formação avançada, designadamente universitários, as aulas sejam dadas em inglês. É provincianismos a mais e prospetiva a menos. Quem frequenta tais cursos – também, os estudantes estrangeiros – teriam, a médio prazo, muito a ganhar, tanto quanto o nosso país, no uso corrente da nossa língua. Mesmo quando as aulas fossem lecionadas em francês, inglês, alemão ou italiano, o que seria normal, a língua do curso deveria ser a portuguesa. Note-se que para frequentar tais cursos há que ter habilitações suficientes e, uma das exigências para escolher os candidatos deveria ser compreender, pelo menos, todas essas línguas, além da portuguesa. Enquanto imperar a tabuada (o negociozito) e o facilitismo só trabalharemos, porém, para assar as castanhas que outros irão comer.

Uma nota final. Em vários países, como é o caso do Reino Unido, a formação, exigente e de grande qualidade, não é alheia aos ritos e ao simbolismo que a cultura enraizou em muitas universidades. E assim é que o fim de um curso é, também, num momento de festa, alegria e, até, folclore (quem tem medo da palavra?). Aí impera uma outra perspetiva legítima do ensino que é a economia. Alguém tem ideia de quanto beneficiam economicamente as escolas onde está viva a cerimónia de imposição de insígnias no fim de um curso obtido num país estrangeiro?

A Educação também se vende. E é melhor ir por aí do que fechar escolas e despedir professores.

Deixemos de ser pedintes e de viver de amigos.

Sejamos ousados, inovadores, diferentes.

Claro que é mais fácil viver à custa do Estado (vejam, olhem já as movimentações dos ratos, após as alterações do poder autárquico, à cata de ração!) mas, por aí, só mudam as moscas…