Portugal tem inúmeras vantagens competitivas nesta área que não têm
sido, porém,
relevadas e parece, aliás, que não há grande interesse em levantar
âncora
neste novo mundo de competição global.
No meio de uma
crise que abala, de alto a baixo, a sociedade portuguesa, estão a nascer à
margem do Estado projetos e iniciativas de profunda relevância para o futuro do
país. Porque têm o seu epicentro fora do âmbito do polvo que continua a ser
Lisboa (para quem o resto do país é mera paisagem) a comunicação social que
desgraçadamente temos - cada vez mais a voz do dono – não lhes dá qualquer atenção.
Há, porém, que lhes dar luz e, também, que realçar quanto, várias entidades
associativas bilaterais (câmaras de comércio e indústria), se mostram
interessadas nessa perspetiva de um país melhor e dispostas a colaborar no seu
âmbito de ação.
Foi o que
aconteceu na passada segunda-feira, 14 de outubro, através da realização de um
importante seminário organizado pela Câmara de Comércio e Indústria
Luso-Francesa sobre Turismo de Saúde e Bem Estar e que contou com uma plateia
numerosa, também de investidores franceses, interessadíssima no tema.
Refira-se, de resto, que essa Câmara de Comércio, editou, ainda, mais um número
da sua revista, ASPECTOS, sobre o tema do Turismo de Saúde e Bem Estar,
coordenada com superior competência pela Sr.ª Drª Ana Meneses e com contributos
de altíssimo valor. Sublinho, também, que, no dia 21 de outubro, se realizará
uma importante “Encontro de Gestores”, no Auditório do Centro Hospitalar da
Cova da Beira para debater o Tema “Saúde em Portugal: estratégias para um
desenvolvimento sustentável”. Imperdível.
Mas o que é isso
de Turismo de Saúde e Bem Estar?
O Turismo de
Saúde e Bem Estar, numa primeira abordagem, simples, tem a ver com o tratamento
de qualquer doença no local mais propício à sua cura, seja em que país for e,
tendo em conta que a saúde, atualmente, já não assenta no paradigma da doença
mas, ao contrário, tem avançado para novas dimensões ligadas ao bem estar e à
transformação do corpo. Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde
(OMS) “a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não
apenas a ausência de doenças”. (cfr. www.who.int)
A saúde vem sendo
perspetivada, com efeito, no sentido de bem estar, segundo um paradigma
salutogénico e não patogénico. E neste quadro, as pessoas são convocadas para
terem uma participação ativa nesse processo, que já foi referido como, uma
“nova religião.”
A saúde é hoje,
cada vez mais, uma questão de estilo de vida com uma inegável dimensão
simbólica e cultural. O século XXI, com efeito, vem assistindo, face a novos
paradigmas societais e ideológicos, ao desenvolvimento do Turismo de Saúde e
Bem Estar – o que já se designou por “Nova Saúde” – em que, ao alheamento do
Estado Providência, sucede a responsabilização individual.
Portugal tem
inúmeras vantagens competitivas nesta área que não têm sido, porém, relevadas e
parece, aliás, que não há grande interesse em levantar âncora neste novo mundo
de competição global. Na verdade, agrilhoado num sistema normativo e
burocrático do tempo da leviandade do caminho para o socialismo (comunismo)
inscrito na Constituição de 1976,
a vontade política de mudar para o futuro anda aos solavancos
entre ministérios numa confusão e com uma inércia arrepiantes.
Quem manda não
sabe, e quem sabe não manda… E, uns e outros, não deixam a sociedade civil
ousar esse desafio. Pior que tudo, parece, ainda, que alguns poderes fácticos,
não eleitos, (leia-se lobbies) se
antepõem, com a passividade da soberania nacional (… a pouca que ainda
existirá) para entravar os legítimos objetivos empresariais nacionais em
beneficio exclusivo dos seus interesses sem rosto.
A “Troika” sabe
bem o que quer e não quer mais do que aqueles a que está enfeudada também
querem. O seu empenho é viver à custa dos pobres países resgatados,
empobrecendo-os, explorando-os e aprisionando-os às suas regras imorais.
Até quando?